Em 1955, Assis Chateaubriand passa a direção-geral dos Diários Associados para João Calmon, até então diretor dos veículos do grupo em Pernambuco (Rádio Tamandaré e Diário de Pernambuco). “O novo diretor-geral chegou com todo o gás que havia caracterizado sua gestão no Nordeste.
Só que o cenário carioca era outro e a presença de Chateaubriand, senão obstrutiva, pelo menos intimidante. Mesmo assim, Calmon tratou de implantar medidas de racionalização administrativas, que encontraram amplo respaldo em todo o país.
A situação financeira dos Diários Associados começava a ficar complicada. Assis Chateaubriand estava contraindo muitos empréstimos para comprar mais obras de arte para o MASP e também para instalar novos veículos Associados em todo o Brasil.
Em 1956, Calmon e Monteiro enviaram uma carta para alertar Chateaubriand sobre seus gastos que poderia levar os Diários Associados à insolvência.
A carta receitava a sugestão para Chateaubriand vender fazendas, laboratórios e a Schering, laboratório que adquiriu no tempo da guerra.
A partir desta correspondência, Chateaubriand passou a olhar com mais atenção para a administração das empresas e o desvio de recursos para pagamento de dívidas e empréstimos.
A origem das dificuldades estava na precariedade da televisão brasileira. Pioneiro, Assis Chateaubriand implantara em São Paulo a primeira emissora de TV da América do Sul, a TV Tupi. Pouco depois criava a TV Tupi do Rio. Obviamente, existiam poucos receptores de televisão no País. Não havia forma de evitar, diante da necessidade de investimentos e das despesas com pessoal. As instalações eram extremamente precárias, o principal e único estúdio da TV Tupi, por exemplo, funcionava na sala anteriormente ocupada pelo diretor-geral dos Associados. Os salários do pessoal do Rio estavam atrasados. E não havia como adiantar a adaptação do prédio que deveria vir a ser a sede da TV Tupi carioca.
A primeira batalha dos Diários Associados nos primeiros anos de João Calmon como diretor-geral foi a expansão de sua rede de televisão. Essa batalha, por seu pioneirismo, teve lances épicos. No momento em que assumiu as novas funções, o grupo possuía apenas duas emissoras de televisão: a TV Tupi de São Paulo e a TV Tupi do Rio.As coisas, porém, não eram tão simples, mesmo a instalação das emissoras do Rio e de São Paulo já constituía uma aventura temerária para a época. Os próprios norte-americanos hesitaram em vender o equipamento para aos Diários Associados, O pequeno número de receptores e a audiência diminuta não estimulavam os anunciantes.
João Calmon cuidou de renegociar a dívida já existente com o fornecedor de equipamento da TV Tupi do Rio, a General Eletric. Elaborou uma proposta totalmente nova, e a levou ao diretor da GE do Brasil, Sr. Romanaghi.
O débito, elevava-se, a 350 mil dólares e aumentava dia a dia por causa dos juros, a matriz nos Estados Unidos aprovara integralmente a reivindicação que João apresentou, à revelia de Chateaubriand. Passaríam então a elaborar o contrato e tratar de descontá-lo no banco de que a GE era cliente, em menos de 10 dias o acerto fora feito e remetíaram para os Estados Unidos os 360 mil dólares devidos.
A General Eletric não precisou sequer de três anos para consumir a verga de publicidade que destinara assim aos Diários. Em 23 meses, o empréstimo bancário fora integralmente pago, pouco tempo depois,o mesmo esquema foi empregado em São Paulo para liquidar a dívida vencida com a RCA Victor, fornecedora do equipamento da pioneira TV Tupi paulista.Passados mais dois anos, a própria RCA se dispôs a fornecer o equipamento necessário à instalação das seis novas emissoras de televisão dos Diários Associados, assim como a ligação entre Rio e Belo Horizonte por microondas e entre Rio e São Paulo por UHF.
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